Ah poetas! são todos tão poetas!
Servidores da poesia muda
Da poesia seca, despida e crua
Vestidos de linhos sem nobreza
Só dos farrapos não rasgados
De mantos duradouros até casacos
Espontâneos, quietos, inquietos
Não tão inquietos de quietude
Quietos, poéticos, são poetas
Amantes, poetas velejantes
São tantos, todos viajantes
Seletos, por pensamentos
De não pensamentos, por não serem
Pensamentos, além, por fora, afora
É de arte, que até enobrece
Sem querer, mais faz poesia
Até poema recita, em citação
Na escrita, litera, nessa literatura
Dos intangíveis versos aquecidos
Que não escritos ficam esquecidos
E de poetas, que da palavra fala
Só poetas, de poemas abstratos
Ah e quando fala desse tal,
Desse tal do não tangível
Abstrato, tão belo, feito azeite ungido
Ah! isso é coisa de poeta mesmo
Que na sua companhia, bela Poesia
Fica abraçado, em poema aconchegado.
Autor: Ricardo Andrade
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